sábado, 19 de setembro de 2009

Dia sem carro e a diferença entre discurso e atitude

Antes de mais nada, quero pontuar que não sou (ou, ao menos, não me considero) um "ecochato" (também nunca fui tachado disso por ninguém - e admito que já fui considerado chato com outras coisas ...).
No entanto, eu me preocupo com o meio ambiente e acho que algumas atitudes - por mais insignificantes que possam parecer - permitem que cada indivíduo dê sua parcela de contribuição para a preservação do planeta.
Alguns cuidados com o lixo, por exemplo: separar o que é reciclável, colocar óleo queimado em garrafas para que seja recolhido em separado, não descartar livremente pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes (nem vou falar em não jogar lixo nas ruas, rios e praias, porque me parece o óbvio!).
Também acho que não custa nada economizar com os "descartáveis" - tentar não usar sacolas plásticas de supermercado (ou, usar o mínimo possível), comprar o refil de determinados produtos (o que pode até representar uma economia), diminuir o uso de copos descartáveis (conheci uma pessoa que pra onde ia levava uma garrafinha de água que ia sendo recarregada em bebedouros - lembro até que brincavam com ela dizendo que devia pertencer a uma religião que adorava garrafas).
E ainda tem a água - tentar usar o mínimo possível, evitando o desperdício, é sempre uma boa política.
Dentro dessa linha de "fazer a nossa parte", surge a questão dos veículos automotores - nossos carros!
Em primeiro lugar, é um fenômeno a ser estudado por algum antropólogo - se é que já não o foi - a crença "universal" (ou quase) de que todos precisamos ter um carro. Dirigir é uma atividade que envolve riscos e, por isso, envolver-se nela (ou, permitir que alguém se envolva) devia ser algo muito bem pensado - mas isso é assunto pra outro post.
Chega a ser incrível a dependência que as pessoas vão criando em relação aos seus carros, sendo comum a sua utilização para os menores deslocamentos.
Além disso, mesmo em atitude absolutamente contrária à lógica, muitas pessoas abrem mão de economizar (sem falar do meio ambiente!) tempo e dinheiro e permanecem fazendo seus deslocamentos rotineiros (casa-trabalho-escola-faculdade) com seus carros, ao invés de utilizarem, por exemplo, os meios de transporte público. Sem exagero: não estou falando em andar de bicicleta, mas utilizar um ônibus vez ou outra.
Dentro disso, enalteço essa história de "Dia sem Carro"!
Claro que não faz a menor diferença do ponto de vista do meio-ambiente, um dias em que as pessoas deixem seus veículos em casa - mas, talvez, elas possam se dar conta de que não precisam deles pra viver!
Claro que para isso, o dia tem que fluir mesmo! Não adianta nada, o poder público promover o tal "Dia sem Carro" e, quando chega o momento, os cidadão se verem sujeitados a, por exemplo, um sistema de transporte público - ou mesmo uma rede de ciclovias - ineficiente.
Essas "promoções" acabam virando mero golpe midiático porque não ocorrem em meio a uma política pública séria e que considera diversos fatores.
A conscientização de que se pode - e deve - utilizar outras formas de deslocamento dentro do espaço urbano deveria ser uma atividade constante do poder público, paralela a uma preocupação concreta com o incremento dessas outras formas de deslocamento (melhoria no transporte coletivo e ciclovias, por exemplo, atendendo a uma lógica concreta de deslocamentos urbanos). E nem estou falando aqui em medidas pouco simpáticas como a restrição à circulação de veículos em determinadas áreas centrais, por exemplo (com as quais, desde já, concordo).
Acho que isso representaria a "diferença entre discurso e atitude", mencionada no título.
Essa diferença deveria pautar a atitude de todos os cidadãos e do poder público para que, apenas dessa forma, pudéssemos estar fazendo a nossa parte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Encontre